terça-feira, 14 de setembro de 2010

Aulas de verdade: Desenvolvimento Sustentável?

Na sexta-feira passada, tive minha primeira aula de verdade. De verdade que digo é de gestão e não de francês, como estou tendo até agora, que, aliás, estão muito puxadas. Falei com muita gente e ninguém tem tantas atividades quanto a minha classe. O estilo da aula é muito chato e cansativo, com pouca conversação. Fazemos exercícios e os corrigimos. A aula é isso repetido ad eternum. De vez em quando, escutamos um diálogo e francês. E só. Quase durmo todo o dia na aula...

Voltando à aula de verdade, foi da cadeira de Desenvolvimento Sustentável. Temos um professor americano, que parece ser muito bom. Ele dá aula em diversas Business Schools francesas e americanas, incluindo a ESC Troyes e tem uma empresa de consultoria em sustentabilidade sediada em Paris. O professor tem um ritmo próprio, meio lento para mim, mas mesmo assim interessante. Achei interessante ele incentivar a participação dos alunos com 20% da média final.

A turma tem uns 25 alunos, sendo que na primeira aula só foram 18. Bem menos do que estou acostumado na UFRGS. A aula foi muito bem. Como já tenho um conhecimento acumulado sobre o tema, houve bastante repetição, mas acho que a cadeira vai acrescentar algo. Temos que fazer a análise de uma questão pública ou uma empresa relacionada ao desenvolvimento sustentável. Vou fazer sobre algo no Brasil, mas ainda não sei sobre o que exatamente.

O que dificulta são os colegas. 50% são estudantes internacionais e 50% são franceses, nessa cadeira. Além de atrasar a aula com seu inglês fraquíssimo (não vou falar muito disso porque meu francês também não é o bixo e sou eu que estou na França), foi interessante ver que os franceses realmente não dão a mínima para as mudanças climáticas e desenvolvimento sustentável.

O professor indagou os alunos franceses sobre o porquê de a Alemanha já ter feito ações de mitigação às mudanças climáticas e a França não ter movido uma palha. Na verdade moveu, mas a palha voltou ao lugar. Segundo o professor, culpa da famosa burocracia francesa. Também aconteceu uma rápida enquete sobre quem acreditava em mudanças climáticas. E aconteceram poucas respostas positivas. Dá pra notar essa atitude pelo número de carros em Troyes.

Interessante notar essas quebras de estereótipos culturais. Eu realmente pensava que os franceses se importavam um pouco mais com o meio ambiente.

Eu, pelo menos estou começando a fazer a minha parte: convenci a galera a separar o lixo do apartamento. Aos poucos, mudando cabeças.

4 comentários:

  1. Tenho outra explicação para isso: pessoas com muito senso crítico (e que se importam com questões globais) não costumam frequentar ESCs. Elas estão na universidade, nos IEPs e afins.

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  2. Peut-être.
    Ainda nao conheci nenhum frances fodão aqui na ESC. Tem muita gente que não esta nem ai pra nada.

    As pessoas mais abertas que encontrei são ERASMUS mesmo. Vamos ver o que vai acontecer daqui pra frente.

    Abraço!

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  3. Ótimo post!
    Pelo jeito estás tendo algumas decepções por aí, mas é normal, tuas expectativas estavam super-altas e faz parte do teu percurso...
    Boa-sorte com as aulas chatas, é tua despedida da faculdade (ou pelo menos da Graduação)!

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  4. Pois é, sempre me surpreende ver como a gente se preocupa mais com o meio ambiente que a maioria das pessoas que eu conheci fora do Brasil. Tenho acompanhado o teu blog no Google Reader, mas decidi vir aqui comentar esse post que eu achei especial. :P

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