quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Encontros e desencontros 2 e A partida

E foi. Deixei Troyes. Passou tudo absolutamente rápido nesses últimos dias e semanas e mês. Várias burocracias, correia, estresse, festas (como sempre) e muitas despedidas. Algumas para sempre. Mas nunca se sabe. Um alemão me disse antes de dar tchau: “sempre se encontra alguém na vida duas vezes. E essa é a nossa primeira”.

Uma das coisas que descobri nesses seis meses é que encontrar pessoas é uma das coisas mais mágicas dessa vida. O acaso e perdidos em toda essa correria diária e não paramos para olhar quem está por perto. Pode realmente ser uma pessoa fantástica. Senti isso na pele. Nessa vida de mochileiro conheci muita gente em hostels, metrôs, trens e vôos. Algumas delas realmente difíceis de esquecer. Mesmo uma conversa curta e aparentemente rasa pode te dizer muito de alguém, de sua profundidade. Nessa vida de amizades de vida curta, aprendi a “avaliar” uma pessoa em muito pouco tempo. De onde ela vem, do que gosta, sobre o que pensa e se vale a pena conversar. Passei a buscar profundidade, pessoas que têm uma história, uma paixão e que amam viver.

E eu chorei nesse domingo. Foi muito difícil deixar a minha casa em Troyes, o meu quarto, tudo do meu jeito e já com o meu cheiro. Fazer as malas foi outra tarefa terrível. Decidir o que levar e o que deixar. Mesmo continuando por perto, na Europa (como assim? Fica pra outro post :P), foi muito duro partir. Eu já estava adaptado, minha vida fazia sentido por lá e eu estava começando a ter raízes. Cinco meses são suficientes para se conectar a pessoas, coisas, lugares. Isso porque se está longe de casa, ou da antiga casa, e mais importante: longe do seu país e local de conforto. Desconectar nunca é fácil, mas como eu já disse por aqui: sempre é mais difícil para quem fica.

Creio que tive na França nesses cinco meses uma experiência de vida extraordinária. Aprendi muito, fiquei independente, aprendi a cozinhar (direito), aprendi que o Brasil bomba e é certamente um dos melhores países para se viver no mundo atualmente, tive alguns ótimos professores e aulas, tenho mais claro o que quero para o meu futuro e vivi fora do meu país, como um europeu. Certamente inesquecível. E a lista de aprendizado só começa por aí.

Aprendi também que se precisa de muito menos do que se imagina para viver. Nossas necessidades são muito mais básicas e o que achamos que precisamos são só ilusões de uma vida abastada e bem sucedida. Não, não virei hippie. Esse é o efeito de viver sozinho, tomando minhas decisões, gerenciando a minha vida, com essa liberdade infinita.

E agora, escrevendo esse post antes de pegar o trem à Londres, penso: o que me esperará do outro lado do túnel?

2 comentários:

  1. Pois é Peroni, a gente precisa de muito menos do que pensa que precisa. Incrível como se tem tudo em um apartamento com cama, laptop, internet e amigos para justificar sair do apartamento! Haha, boa sorte em Londres e onde mais tu for. É muito verdade que se encontra pessoas que a gente se identifica de cara, ESSAS realmente vale a pena ver uma segunda e terceira vezes. A vida é a gente que faz anyway, Facebook tá aí para perguntar que país a pessoa anda. :P

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